sábado, 3 de setembro de 2011

Destruições em Faria Lemos levam o Prefeito a entrar com liminar pedindo a paralisação de obras no Município

Ponte da Igrejinha foi destruída e colocada uma chapa
de ferro para a passagem dos veículos pesados.
Durante as negociações para passagem do mineroduto Minas-Rio pelas terras do Município de Faria Lemos, a Anglo Ferrous, proprietária do empreendimento, teve com todos os proprietários rurais e também com a Prefeitura Municipal daquele Município diálogos e acordos de forma que a compensação ambiental fosse, segundo o Prefeito José Clério Alves Terra - Clerinho, "a mais amigável possível".
Se com a Anglo houve o diálogo, o mesmo não se pode dizer com relação à Camargo Corrêa, empresa responsável pela execução da obra, informa o Prefeito. Isso porque a referida empresa está causando "grandes danos patrimoniais e ambientais ao Município", ressalta Clerinho.
Minas de água soterradas, pontes destruídas, área de preservação permanente aterrada, cachoeiras assoreadas, casa, padrão de luz e transformador destruídos, canalização de água sem permissão e com tubulação inadequada para o volume da passagem da mesma, interrupção de escoamento de água.......Esses são alguns dos danos causados pela Camargo Corrêa em sua passagem por Faria Lemos e, diante do caos causado ao Patrimônio e ao meio ambiente, o Prefeito Clerinho, após fazer um Boletim de Ocorrência na Polícia Militar, que esteve em locum confirmando todos os danos, anunciou no início da semana que estará entrando com uma liminar na Justiça, solicitando a paralisação das obras em seu Município, tendo em vista que, segundo ele, "depois de conseguir o que deseja e realizar as obras de sua responsabilidade, a empresa pode ir embora sem reparar os danos causados ao Município de Faria Lemos. Portanto, a hora de reparar os danos causados é agora, sob pena de Faria Lemos ter que arcar com o ônus dos danos causados pela Camargo Corrêa".

Ponte do Toninho foi destruída e colocada uma manilha
que não vai suportar a água no período das chuvas.
O Prefeito Clerinho informou que entre os danos causados pela Camargo Corrêa a Faria Lemos destacam-se o soterramento de uma mina d'água na entrada do túnel que atravessa o Município de Faria Lemos para Carangola, o aterro a uma área de preservação permanente e também o soterramento e retenção de água no acesso ao Sítio de Getúlio Celestino, a interceptação da estrada de acesso ao Sítio Boa Fé, a destruição da cabeceira da ponte da Mortandade, no Córrego do Bié, ponte esta que ainda não foi inaugurada pela Prefeitura, a interceptação da água na propriedade do Zé Bié, fato que no período das águas pode causar alagamento na residência daquele proprietário, destruição da ponte da Igrejinha, onde foi colocada, sem autorização do Município, uma chapa de aço para passagem dos veículos pesados da empresa..... A estrada dos Bellettis foi cortada, retirado um passa-gado, uma ponte, uma galeria de águas e feito o aterramento de uma mina. No Córrego do Amaral a água foi interceptada. Na propriedade de Zé Vadinho, a Camargo Corrêa cortou o terreno para passagem da tubulação de forma que a água, em período de chuvas desemboque em direção à estrada Municipal, causando danos ao Município e também colocando em risco de alagamento a residência daquele proprietário. A cachoeira do Dico foi aterrada próximo ao Sítio do Josué e ali também foi feita uma laje de concreto por cima da laje de pedra, deformando aquele patrimônio natural, sem contar que grande parte de terra desceu cachoeira abaixo, colaborando para o assoreamento do córrego formado por aquela água. Além do mais foi deixada grande quantidade de terra solta às margens da dita cachoeira, terra essa que no período das águas irá para dentro da cachoeira e pelo córrego abaixo. Na propriedade de Neneco uma mina d'água desapareceu ao ser soterrada, a Ponte dos Câmaras foi destruída, sendo parte da mesma lançada dentro do córrego e colocada um chapa de ferro por cima para passagem dos veículos pesados da empresa. Na propriedade do Toninho do Vicente, uma ponte foi destruída e colocada uma manilha de diâmetro insuficiente para passagem de água no período das chuvas sem a devida autorização da Prefeitura. Ainda ali, naquela propriedade, uma casa foi destruída, um morador desalojado, uma mina foi aterrada e a água interceptada colocando em risco a estrada do Município.
Cachhoeira do Dico foi aterrada, construída uma laje de
concreto para passagem dos tubos e terra lançada dentro da cachoeira.
Ao citar tais danos, o Prefeito disse que, depois de tentar argumentar com a empresa, não pensa que exista outra alternativa que não seja arguir judicialmente a empresa, tendo em vista que para o que arrecada a Prefeitura Municipal de Faria Lemos, um dano de tal magnitude representa um grande prejuízo para o Município.
Clerinho mostra onde foi aterrada uma ponte, destruída
a passagem para gado, mina foi soterrada e estrada interceptada.
Diante das narrações feitas pelo Prefeito, a Folha buscou informações com a empresa Camargo Corrêa, responsável, segundo o Prefeito, pelos danos causados, porém em lá chegando, o Assessor de Comunicação da empresa, Felipe Faria, que sempre se pronunciou em nome da mesma, disse que nada a tinha a responder e que quem poderia dar informação à Imprensa seria a empresa proprietária do Mineroduto, numa nítida demonstração de que a Camargo Corrêa estava se furtando ao fato de prestar esclarecimentos a respeito dos estragos causados ao Município de Faria Lemos, por aquela empresa.
O Prefeito Clerinho, ao tomar conhecimento de tal fato, disse não se surpreender, tendo em vista que mesmo sabendo ser ele o Prefeito, estando ele em carro oficial, os carros da empresa passam por ele em alta velocidade como se fossem "os donos das estradas Municipais de Faria Lemos", sem se preocupar com a segurança daqueles que residem na zona rural, das crianças que trafegam em veículos escolares e dos veículos como o dele, que trafega pelas referidas estradas, arrematou o Prefeito.

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