*Há alguns meses a Folha tem alertado para o fato da passagem de caminhões com 4, 6, 8 e até mais de 10 eixos, com excesso de carga, cortando algumas principais ruas do centro da cidade de Carangola e esse movimento cresceu assustadoramente desde que a Camargo Correa se instalou no trevo de Carangola.
Nas últimas semanas tem sido comum a passagem de comboios de caminhões carregados com tubos de ferro em cima de carretas com 5 e 6 eixos, além de maquinário pesado transportado em cima de carretas com 6 a 8 eixos, fato que tem deixado o povo de Carangola apreensivo, tendo em vista que tais veículos pesados tem passado pela Avenida Machado de Assis, Praça Getúlio Vargas, Rua Antônio Marques, Rua Dr. Juarez Quintão Hosken, Rua Magalhães de Queiroz e Capitão Antônio Carlos de Souza onde os moradores tem sentido os tremores causados pela passagem de tais veículos pesados.
Nesse trajeto que corta o centro da cidade encontram-se vários Patrimônios Históricos e Culturais de Carangola que estão ficando com suas estruturas comprometidas face ao tráfego constante de tais veículos. Na Rodoviária Wingdston Mendes de Souza, passageiros como o Sr Itatuitim Ruas (80) afirmam sentir o tremor durante a passagem dos veículos pesados e o mesmo afirma o empresário José Nilson Rosostolato, proprietário da firma Nilcolor; outro que também diz sentir os tremores é o Veterinário Fernando Fernandes.
Além da Rodoviária instalada na Praça Getúlio Vargas, outros patrimônios que estão no caminho da carga pesada são o Edifício Cooperativa, fundado em 1890, de propriedade do Laticínio Marília; a antiga Estação de Carga e Descarga de Trens que data de 1887; o prédio do Barbosa e Marques onde hoje funciona o Museu Histórico e Geográfico de Carangola, construído no início do século passado, entre outros patrimônios.
Outro comprometimento causado a Carangola pela carga pesada, não apenas da empresa Camargo Correa, mas também por outros caminhões de carga que passam pelo centro da cidade estão ligados às redes de água, águas pluviais e esgoto, que estão situadas a poucos metros abaixo da superfície do calçamento. É bom sempre lembrar que Carangola encontra-se em uma posição geográficas com vários trechos geológicos comprometidos e que já causaram grandes prejuízos para o Município e os carangolenses.
Também o calçamento e o asfalto existentes nesse percurso estão ficando comprometidos devido à passagem de tais veículos pesados pelas ruas do centro da cidade.
O Jornal Estado de Minas de 5 de agosto trouxe em manchete de capa e também na capa da sessão Gerais o título "A história reage", onde o jornal noticia a mobilização de cidades mineiras pela preservação do patrimônio cultural " ameaçado pelo tráfico pesado e mineração".
Na matéria o jornal lembra que o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais, IEPHA, entregou ao Ministério Público laudo recomendando a interdição do trânsito e sinalização das ruas na cidade de Santa Luzia.
Já o Coordenador das Promotorias de Justiça, de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico, Marcos Paulo de Souza Miranda, disse àquele jornal que "a sociedade tem reagido à destruição dos bens culturais. O patrimônio passou de um tema apaixonante a uma questão de cidadania".
A esperança da Coordenadoria das Promotorias de Justiça, de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico é que seja concedida liminar na ação em curso em Santa Luzia para que a mesma possa adotar medidas adotadas em Ouro Preto desde 2008, em parceria com o Ministério Público Estadual, impedindo a deterioração do patrimônio daquela cidade por caminhões e ônibus e demais veículos de grande porte.
A maioria das cidades mineiras foi fundada no período do Império e início da República, ocasião em que o transporte era feito no lombo de burro a através de linhas férreas, como é o caso de Carangola, portanto estavam despreparadas para os tempos atuais onde os veículos rodoviários são capazes de transportar, em um único caminhão, dezenas de toneladas de carga. Fora isso, há de se destacar que a maioria das cidades construídas às margens de rios, entre montanhas, oferecem pouca ou quase nenhuma alternativa para o desvio rodoviário do tráfego pesado.
O Prefeito de Carangola Patrick Drumond está estudando a possibilidade jurídica de baixar um Decreto proibindo o transporte de carga pesada pelo centro da cidade, fundamentado de que sua ação visa preservar o Patrimônio Histórico e Cultural, as ruas da cidade, as redes de água, água pluvial e esgoto e também a integridade física do cidadão, tendo em vista que o desprendimento de uma carga pesada no centro da cidade pode causar várias vítimas, inclusive fatais.
Além dos caminhões com carga pesada que têm passado pelo centro da cidade de Carangola, tem pesado sobre a Camargo Correa outros ônus de grandes prejuízos para o Município e região, entre eles a passagem por sítio arqueológico, por área de preservação permanente e a destruição de placas de sinalização do Caminho da Luz, o Caminho do Brasil, tombado como Patrimônio Cultural de Minas Gerais.
Em Carangola não se consegue falar com o chefe do escritório da Camargo Correa e quem sempre "responde" pela empresa nesses casos é o Assessor de Comunicação Filipe Faria que tem sempre na "ponta da língua" uma mesma resposta para tudo, a de que "a empresa está estudando a questão".
A bem da verdade, a proprietária do mineroduto Minas-Rio, cujo trecho na região está sendo feito pela Camargo Correa e empresas contratadas é a Anglo American, empresa que, antes de instalar-se na região, teve todo cuidado de discutir com Prefeituras e proprietários rurais a questão da passagem do mineroduto e também as compensações ambientais pertinentes.
Sabe-se que tanto o IBAMA ou melhor, o ICMBio quanto a Anglo American já estão vistoriando o trabalho executado pela Camargo Correa, trabalho esse que tem merecido a repulsa de muitos proprietários rurais e políticos da região.
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