segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Camargo Correa causa danos ao Patrimônio Cultural de Minas Gerais


O perigo de passar onde a sinalização foi arrancada.

Caminho foi interditado e colocou vidas em risco.

Contrariando as normas estabelecidas pela Anglo American, em parceria com as Comunidades e Municípios por onde passa o mineroduto Minas-Rio, a empresa Camargo Correa, que presta serviços à Anglo vem “atropelando” tudo que vê pela frente em busca de conseguir seus objetivos. Pelo menos essa foi a postura da empresa com relação a alguns trechos do Caminho da Luz, o Caminho do Brasil, rota de peregrinação tombada como Patrimônio Cultural de Minas Gerais através da Lei 18.086/2009 e administrada pela Associação Brasileira dos Amigos do Caminho da Luz, ABRALUZ, Entidade de Utilidade Pública Estadual, reconhecida pela Lei 16.580/2006.
A empresa destruiu várias placas de sinalização que indicavam o Caminho para aqueles que percorrem a via de peregrinação causando sérios prejuízos, tanto para a ABRALUZ quanto para a Operadora de Turismo Rastro de Luz, que tiveram que socorrer caminhantes que ficaram perdidos devido à destruição das placas por parte da Camargo Correa.
Além de destruir diversas placas de sinalização e da placa que indicava um dos pontos importantes do Caminho - a Pedra do Lagarto, a empresa também fechou uma das passagens por onde iam os peregrinos, trazendo também, desta forma, outros prejuízos ao Caminho, além de “mutilar” parte do Patrimônio Cultural, sem contar que tais fatos colocaram a integridade física dos usuários em risco.
Todo o terceiro domingo do mês de julho é reconhecido, segundo Lei Estadual nº 16.656/2007, como o Dia do Caminho da Luz, época em que a ABRALUZ promove pelo 10º ano consecutivo uma Caminhada Coletiva,  objetivando uma maior integração entre os caminhantes e as comunidades, sendo este o grande acontecimento do Caminho, que nos anos anteriores reuniu mais de 300 pessoas por coletiva e que este ano, por questão de segurança, a ABRALUZ viu-se obrigada a limitar o número de participantes para 100 pessoas, o que trouxe prejuízos à entidade e aos prestadores de serviço ao longo do Caminho. Vale lembrar que com a sobra dos recursos produzidos na Coletiva a ABRALUZ mantém, durante o ano, o Caminho em condições de ser percorrido com segurança a pé, de bike ou a cavalo.
Outra grande prejudicada foi a Operadora de Turismo Rastro de Luz, que presta serviços de guia, apoio, contratação de hospedagens, entre outros, ao longo do Caminho durante todo o ano, e que, na Coletiva Oficial, atende a um maior número de caminhantes.
Face aos acontecimentos, Albino Neves, Presidente da ABRALUZ, procurou o chefe da Camargo Correa em Carangola e para sua surpresa, foi atendido pelo Assessor de Comunicação da empresa que, apesar de reconhecer que houve excessos por parte da empresa no trecho em questão, principalmente na destruição das placas e na falta de comunicação à ABRALUZ de que a Camargo Correa iria interromper temporariamente o trecho em questão, disse que iria levar o fato aos seus superiores e que entraria em contato com a Direção da ABRALUZ, fato que não ocorreu até o fechamento desta Edição.
Para dar segurança aos caminhantes que percorreram a 11ª Caminhada Coletiva promovida pela ABRALUZ no período de 18 a 24 de julho, a Associação, juntamente com a Rastro de Luz desviaram o Caminho por uma rota alternativa. Para isso, implantaram uma sinalização de emergência e para surpresa de ambas, a Camargo Correa também interrompeu tal via causando dúvidas em diversos caminhantes, colocando em risco a integridade física dos mesmos, o que, segundo Albino Neves “é um fato incompatível produzido por uma empresa que é uma das mais conhecidas e conceituadas do país”.

Placa indicativa da Pedra do Lagarto foi arrancada e amassada.
Diante do exposto, a ABRALUZ comunicou em Ofício a Carlos Heinisch, representante da Anglo na região, narrando a questão da retirada das placas e sua destruição, o bloqueio do Caminho, o bloqueio de um caminhão atravessado na estrada impedindo a passagem de caminhantes que percorriam, na semana anterior, uma Caminhada Coletiva promovida pela Operadora de Turismo Rastro de Luz e sobre os prejuízos causados pela Camargo Correa tanto à ABRALUZ quanto à Rastro de Luz. Em resposta ao Ofício encaminhado, Carlos Heinisch informou que tais fatos estavam sendo apurados e deixou claro que “o ocorrido não está de acordo com as normas e conduta da Anglo American”.
Albino Neves destacou  que é lamentável que, no momento em que o Ministério do Turismo reconhece o Caminho da Luz como um dos 9 Casos de Sucesso no País, sendo o único como roteiro ou destino turístico segmentado, premiando a ABRALUZ no dia 14 de julho no 6º Salão de Turismo do Brasil, quando ele, como representante da entidade, recebeu um troféu das mãos do Ministro do Turismo Pedro Novais, ao lado do Secretário de Estado de Turismo de Minas Gerais Agostinho Patrus,  a Camargo Correa cause um dano tão grande ao Caminho da Luz, Patrimônio Cultural do Estado de Minas Gerais.

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