*Enquanto os Prefeitos continuarem tentando agradar a todos em busca da garantia do voto, sem preocupar-se com a legalidade, a prudência e a avaliação técnica, continuarão acontecendo desastres ambientais como os que ocorreram em Carangola, tanto no Bairro Panorama como no Pendura Saia. Os mais graves ocorridos nos últimos anos.
É preciso que os Administradores Públicos, o Setor de Obras e de Fiscalização não abram exceções para construção em lugares indevidos como áreas de risco e beira rio, e muito menos permitam os enormes cortes de terra para abertura de terrenos, a fim de serem feitas construções comerciais e residenciais. Caso contrário, os desastres continuarão acontecendo, mais hoje, mais amanhã.
É inadmissível que os Administradores Públicos não tenham sensibilidade para avaliar que, independente da época, a autorização de um corte de terra indevido, de um loteamento mal planejado, ou de qualquer obra ou terreno que não estejam em acordo com as normas ambientais e de segurança, trás fatalmente para um Município, como um todo, sérios prejuízos.
Passados mais de 5 anos, os moradores do Bairro Panorama ainda não tem suas casas para morar, o que é lamentável, mesmo com todo esforço que vem sendo adotado pela atual Administração. Portanto, a retirada dos moradores do Bairro Pendura Saia põe novos cidadãos carangolenses em uma situação de desconforto e insegurança, o que não é justo para quem trabalhou durante toda uma vida para construir o seu lar.
Desde quando a PCH Carangola fez as dezenas e talvez até centenas de explosões para a abertura do túnel de mais de 2 quilômetros de comprimento para a passagem da água, a fim de fazer funcionar suas turbinas para geração de energia, que a situação na BR 482 e também na Avenida Capitão Antônio Carlos de Souza, agravou-se, trazendo sérios prejuízos para Carangola e os carangolenses. Que as explosões trouxeram consequências danosas para aquele maciço de terra, isso é inegável. Basta relembrarmos que os construtores da usina alugaram o antigo motel para abrigar os funcionários que fizeram as obras. Ora, se naquela época o motel estava de pé, seguro e abrigava os funcionários, por que então logo depois começaram a aparecer as rachaduras, o desabamento do motel, a abertura das fendas no asfalto e o seu rebaixamento?
Faz-se necessário que a Prefeitura Municipal de Carangola, que não dispõe dos recursos necessários e nem de maquinário suficiente, solicite judicialmente que seja informada a carga de explosivos usados durante a feitura do túnel, a quantidade de explosões e que, de posse de tal material, solicite um levantamento técnico na área para constatar o grau de influência das explosões nos danos ambientais ocorridos nos dois trechos.
Outra medida que se faz necessária é ser levantada pela atual Administração é porque, conforme declararam vários moradores do Pendura Saia, durante tantos anos, o vazamento de água na tubulação do antigo DAE, hoje SEMASA não fora estancado para evitar o encharcamento da vertente que desce exatamente na área atingida pelo deslizamento de terra na Avenida Capitão Antônio Carlos de Souza, tendo em vista que tal fato há muito vem sendo reclamado e que deve ser dividido não apenas com a atual Administração daquela autarquia, como com as Administrações passadas, que, ao que tudo indica, não tomaram as medidas necessárias.
Uma coisa é certa. Os desastres ambientais tanto do Panorama como da Antônio Carlos de Souza devem servir de exemplo, para que não apenas a Administração Pública, mas a população como um todo, não permitam mais que cortes de terra indevidos e construções sejam feitos em locais que não ofereçam a devida segurança, nem que para isso tenha que recorrer ao Ministério Público solicitando deste sua intervenção, a fim de evitar danos e problemas futuros.
Albino Neves
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