terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Comunidades rurais se indignam com postura da Prefeitura de Carangola em querer fechar Escolas Rurais


 
Mais de uma centena de trabalhadores, proprietários e pais de alunos das Comunidades Rurais de Conceição, Furriel, Galdina e Papagaio fez uma manifestação no dia 31 de janeiro, desfilando pelas ruas principais do centro de Carangola até chegarem à porta da Prefeitura Municipal em protesto contra o anúncio do fechamento de Escolas Rurais naquelas localidades.


Com apitos e palavras de ordem, os manifestantes gritavam na porta da Prefeitura o nome do Prefeito e solicitavam o seu comparecimento para dar explicações sobre a questão. Como o Prefeito, nem o responsável pelo Setor de Educação apareceram, os manifestantes se dirigiram para a Câmara Municipal de Carangola, onde foram recebidos pelo Presidente da Câmara, o Vereador Tatá do Roberto. Na Câmara os manifestantes expunham cartazes que demonstravam sua indignação e ao mesmo tempo cobravam uma postura do Poder Executivo.

O Vereador Tatá do Roberto garantiu aos manifestantes que existia um grupo de Vereadores na Câmara de Carangola que não votaria nenhum projeto do Prefeito antes de ser resolvida a situação que levou os manifestantes àquela Casa Legislativa.

O manifestante Luiz Pereira disse que o Prefeito Luiz Cezar Ricardo Soares esteve reunido na comunidade de Conceição e usou como argumento para o fechamento da escola, o fato de que o mesmo “aplicou tal medida em Pedra Dourada e deu certo”.

Marly Losi Grosi disse que é inaceitável o fechamento da escola em Conceição e lembrou que em época de chuva as estradas ficam intransitáveis e que é necessário que tudo se mantenha como sempre foi, tendo em vista que a escola de Conceição já funciona naquela localidade há 26 anos.

O Vereador Tatá do Roberto foi categórico ao dizer ser contra o fechamento daquela escola, porque Conceição merece o respeito daquela Casa, e que se depender do Poder Legislativo, a escola não fecha, e que os Vereadores iriam fazer de tudo para reverter tal situação.

No meio do povo houve quem contestasse a situação, lembrando que foi feita uma reunião em Conceição em que o povo saiu descalço e sujo da roça para discutir a questão do fechamento da escola e que lá chegando tais trabalhadores foram classificados como pessoas bêbadas e maltrapilhas.

“Eu acho isso uma falta de respeito para com o povo da área rural e nós não seremos coniventes com essa situação” garantiu o Vereador Rivan Vieira.

Foi lembrado que existem cerca de 300 meninos para estudar na comunidade de Conceição e questionado “Onde vamos ‘enfiar’ estes meninos?”.

Outro fato também citado é sobre a responsabilidade que os pais têm em manter seus filhos na escola, fato que, com o fechamento das mesmas traria a desobediência à Lei. Também foi lembrado que a criança de hoje é o adulto de amanhã. Mesmo sabendo que pode sofrer represálias por sua manifestação, a Professora Maristela, que trabalha há 27 anos na área rural disse que também foi pega de surpresa e lembrou que se os alunos tiverem que acordar às 4 horas da manhã para pegar uma condução e ir para outra escola, isso vai diminuir o seu rendimento escolar. A Professora lembrou que a educação no campo é um direito de todos, que o campo é o coração do céu e que ao invés de fechem escolas, seria bom que houvesse uma interação dos alunos da cidade com os do campo e enfatizou “as maiores revoluções do mundo saíram do campo”.

A ex-Vereadora Regina do sindicato lembrou que a Prefeitura é casa do povo, e que a casa do povo não pode estar fechada para receber o povo, porque não podemos viver uma democracia simbólica.

Outra manifestante disse no meio do povo que durante a campanha eleitoral, o atual Prefeito esteve na casa de seus pais pra tratar sobre a questão do campo de futebol e garantiu a seus pais que Prefeito que argumenta que não existem recursos para realização de obras é Prefeito que não sabe trabalhar.

Também durante a manifestação na Câmara, a comunidade de Conceição distribuiu um manifesto feito em 29 de dezembro de 2013 questionando o fechamento da Escola Municipal Professor Ovídio Mendes, manifesto este encaminhado ao Prefeito e Vereadores que representam aquela comunidade no qual questionam que gostariam de saber “se fossem os filhos de vocês que tivessem que mudar de escola, com as estradas em péssimas condições, o transporte superlotado, oferecendo risco de morte para seus filhos, deixando-os expostos a temporais no período chuvoso, a pelo menos 2 horas e 30 minutos de casa. Vocês concordariam com o fechamento da escola mais próxima?”

O jornalista Albino Neves utilizou a tribuna par alembrar aos presentes que a manifestação democrática era muito importante. no entanto, lembrou-lhes que melhor que consertar uma porta quando está arrombada, é colocar cadeado antes da mesma ser arrombada e é para isso que serve o voto. Voto não pode ser objeto de negociações, de venda, de troca por favores pessoais. Voto é coisa séria, decide o destino das pessoas e da comunidade, portanto, antes de votar, cada um deve conhecer bem a vida do candidato, seja ele candidato ao Poder Executivo ou Legislativo. Ver o que ele já fez der bom para sua comunidade, que tipo de conduta tem dentro da sociedade, como trata o seu semelhante no seu dia a dia, que serviços desinteressados realiza a favor da sociedade e, só depois de pensar bem, analisar com honestidade e sabedoria, exercer o seu direito, tendo em vista que seu voto vale para 4 anos de mandato e não pode ser dado de forma infantil e leviana.

Conforme já declarou várias vezes, o Prefeito Luiz Cezar Ricardo Soares não dá entrevista à Folha, razão pela qual não foi possível ouvir o chefe do executivo de Carangola sobre a manifestação dos carangolenses residentes na área rural, nem tampouco das medidas que ele pretende adotar com relação ao fechamento das escolas rurais.

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