Mais de uma centena de trabalhadores,
proprietários e pais de alunos das Comunidades Rurais de Conceição, Furriel,
Galdina e Papagaio fez uma manifestação no dia 31 de janeiro, desfilando pelas
ruas principais do centro de Carangola até chegarem à porta da Prefeitura
Municipal em protesto contra o anúncio do fechamento de Escolas Rurais naquelas
localidades.
Com apitos e palavras de ordem, os
manifestantes gritavam na porta da Prefeitura o nome do Prefeito e solicitavam
o seu comparecimento para dar explicações sobre a questão. Como o Prefeito, nem
o responsável pelo Setor de Educação apareceram, os manifestantes se dirigiram
para a Câmara Municipal de Carangola, onde foram recebidos pelo Presidente da
Câmara, o Vereador Tatá do Roberto. Na Câmara os manifestantes expunham
cartazes que demonstravam sua indignação e ao mesmo tempo cobravam uma postura
do Poder Executivo.
O Vereador Tatá do Roberto garantiu aos
manifestantes que existia um grupo de Vereadores na Câmara de Carangola que não
votaria nenhum projeto do Prefeito antes de ser resolvida a situação que levou
os manifestantes àquela Casa Legislativa.
O manifestante Luiz Pereira disse que o
Prefeito Luiz Cezar Ricardo Soares esteve reunido na comunidade de Conceição e
usou como argumento para o fechamento da escola, o fato de que o mesmo “aplicou
tal medida em Pedra Dourada e deu certo”.
Marly Losi Grosi disse que é inaceitável
o fechamento da escola em Conceição e lembrou que em época de chuva as estradas
ficam intransitáveis e que é necessário que tudo se mantenha como sempre foi,
tendo em vista que a escola de Conceição já funciona naquela localidade há 26
anos.
O Vereador Tatá do Roberto foi
categórico ao dizer ser contra o fechamento daquela escola, porque Conceição
merece o respeito daquela Casa, e que se depender do Poder Legislativo, a
escola não fecha, e que os Vereadores iriam fazer de tudo para reverter tal
situação.
No meio do povo houve quem contestasse a
situação, lembrando que foi feita uma reunião em Conceição em que o povo saiu
descalço e sujo da roça para discutir a questão do fechamento da escola e que
lá chegando tais trabalhadores foram classificados como pessoas bêbadas e
maltrapilhas.
“Eu acho isso uma falta de respeito para
com o povo da área rural e nós não seremos coniventes com essa situação”
garantiu o Vereador Rivan Vieira.
Foi lembrado que existem cerca de 300
meninos para estudar na comunidade de Conceição e questionado “Onde vamos
‘enfiar’ estes meninos?”.
Outro fato também citado é sobre a
responsabilidade que os pais têm em manter seus filhos na escola, fato que, com
o fechamento das mesmas traria a desobediência à Lei. Também foi lembrado que a
criança de hoje é o adulto de amanhã. Mesmo sabendo que pode sofrer represálias
por sua manifestação, a Professora Maristela, que trabalha há 27 anos na área
rural disse que também foi pega de surpresa e lembrou que se os alunos tiverem
que acordar às 4 horas da manhã para pegar uma condução e ir para outra escola,
isso vai diminuir o seu rendimento escolar. A Professora lembrou que a educação
no campo é um direito de todos, que o campo é o coração do céu e que ao invés
de fechem escolas, seria bom que houvesse uma interação dos alunos da cidade
com os do campo e enfatizou “as maiores revoluções do mundo saíram do campo”.
A ex-Vereadora Regina do sindicato
lembrou que a Prefeitura é casa do povo, e que a casa do povo não pode estar
fechada para receber o povo, porque não podemos viver uma democracia simbólica.
Outra manifestante disse no meio do povo
que durante a campanha eleitoral, o atual Prefeito esteve na casa de seus pais
pra tratar sobre a questão do campo de futebol e garantiu a seus pais que
Prefeito que argumenta que não existem recursos para realização de obras é
Prefeito que não sabe trabalhar.
Também durante a manifestação na Câmara,
a comunidade de Conceição distribuiu um manifesto feito em 29 de dezembro de
2013 questionando o fechamento da Escola Municipal Professor Ovídio Mendes,
manifesto este encaminhado ao Prefeito e Vereadores que representam aquela
comunidade no qual questionam que gostariam de saber “se fossem os filhos de
vocês que tivessem que mudar de escola, com as estradas em péssimas condições,
o transporte superlotado, oferecendo risco de morte para seus filhos,
deixando-os expostos a temporais no período chuvoso, a pelo menos 2 horas e 30
minutos de casa. Vocês concordariam com o fechamento da escola mais próxima?”
O jornalista Albino Neves utilizou a
tribuna par alembrar aos presentes que a manifestação democrática era muito
importante. no entanto, lembrou-lhes que melhor que consertar uma porta quando
está arrombada, é colocar cadeado antes da mesma ser arrombada e é para isso
que serve o voto. Voto não pode ser objeto de negociações, de venda, de troca
por favores pessoais. Voto é coisa séria, decide o destino das pessoas e da
comunidade, portanto, antes de votar, cada um deve conhecer bem a vida do
candidato, seja ele candidato ao Poder Executivo ou Legislativo. Ver o que ele
já fez der bom para sua comunidade, que tipo de conduta tem dentro da
sociedade, como trata o seu semelhante no seu dia a dia, que serviços
desinteressados realiza a favor da sociedade e, só depois de pensar bem,
analisar com honestidade e sabedoria, exercer o seu direito, tendo em vista que
seu voto vale para 4 anos de mandato e não pode ser dado de forma infantil e
leviana.
Conforme já declarou várias vezes, o
Prefeito Luiz Cezar Ricardo Soares não dá entrevista à Folha, razão pela qual
não foi possível ouvir o chefe do executivo de Carangola sobre a manifestação dos
carangolenses residentes na área rural, nem tampouco das medidas que ele
pretende adotar com relação ao fechamento das escolas rurais.
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