Fábio Lourenço esteve no local para verificar a situação dos Sítios Arqueológicos. |
Fábio
Lourenço, funcionário do ICMBio, esteve, como cidadão, recentemente, no Sítio Arqueológico
Córrego do Maranhão, instalado nas imediações de um bota fora do mineroduto
Minas-Rio e na Toca dos Puris, no Distrito de Ponte Alta, um antigo cemitério
indígena da cultura Macrojê, localizado sobre um abrigo de rocha para ver se
ambos os sítios estavam sendo protegidos conforme recomendação do Ministério
Público Federal, que emitiu seu parecer através do Procurador da República,
Lucas de Moraes Galtiere, no dia 13 de agosto passado.
A
recomendação 002/2013, do Procurador, fez várias considerações, dentre elas,
que os Sítios Arqueológicos constituem bem da União que Carangola é um dos Municípios
por onde passa o mineroduto Minas-Rio e possui diversos Sítios Arqueológicos
identificados que atestam a presença de grupos indígenas desde os primeiros
séculos da era cristã, com destaque de que “por se tratar de grupos
completamente distintos a habitarem só diferentes sítios e por seu excelente
grau de conservação, Carangola se torna área fundamental para os estudos que prezem
a continuidade e simultaneidade de cultura de grupos indígenas da zona da mata
mineira”.
Também
considerou que o Sítio Arqueológico Córrego do Maranhão já foi impactado de
maneira irreversível pelas obras de instalação do mineroduto, dando ensejo,
inclusive, à assinatura de Termo de Ajustamento de Conduta entre o Ministério Público
Federal, o IPHAN e a Anglo Ferrous, com a interveniência da FUNDEP, com a
finalidade de compensar os danos causados”.
Também
foi considerado que o Minas-Rio estava em vias de iniciar obras a 400 metros do Sitio Arqueológico
Toca dos Puris, com a detonação de explosivos e a movimentação de maquinário
pesado, fato que poderá soterrar os restos de sepultamentos existentes no
local. Também foi citada a descoberta de um terceiro Sítio Arqueológico, desta
feita, na fazenda Santa Cruz, composto de restos de cerâmica de origem
pré-colombiana.
Outro
fato citado nas considerações foi a recomendação proferida na Conferência Geral
da Organização das Nações Unidas- UNESCO em 1956, dando conta da importância da
preservação do Patrimônio Arqueológico.
Finalizando
as considerações, o Procurador da República lembrou que a iminência de início
das obras releva considerável risco e preocupação de danos irreversíveis nos
Sítios Arqueológicos “Toca dos Puris” e “Fazenda Santa Cruz”, a exemplo do que
já ocorreu no sítio “Córrego do Maranhão”.
Após
as considerações, Dr. Lucas de Moraes recomendou que fosse promovida a citação
da União e do Ministério Público Federal em todas as ações de desapropriação
e/ou de instituição de servidão administrativa em curso ou a serem ajuizadas,
relativas a imóveis atingidos pela área do mineroduto Minas-Rio em cujas áreas
existam Sítios Arqueológicos, bens sabidamente de propriedade da União, fixando
um prazo de 10 dias contados a partir do recebimento da presente recomendação para
que sejam prestadas informações acerca das providências adotadas em virtude das
mesmas.
Segundo
Fábio Lourenço, até sua ida ao local, a proprietária do mineroduto Minas-Rio
não havia recebido a recomendação.
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